



Título: "Dois Diálogos entre um Padre e um Moribundo", Marquês de Sade e Nuno Júdice, Tradução de Sade de Bénédicte Houart, Edição Angelus Novus, pvp 4.50 euros
Título:"Quinze Dias no Deserto Americano", Alexis de Tocqueville, Tradução de Bénédicte Houart, Edição Angelus Novus, pvp 6.80 euros
Isabel Nogueira
Vou de férias. Não quero provocar a melancolia a ninguém, até porque, como sabem, a melancolia foi substituída pela inveja, no Século VI pelo Papa Gregório I e considerada, desde aí, um pecado mortal – um pequeno apontamento de grande erudição. Não sei, se já vos disse que vou de férias? Sim, parece que sim. Como eu estava a dizer, vou de férias e, consequentemente, a actualização deste pobre blogue vai ficar à mercê das minhas queridas colegas, enquanto eu vou para a praia apanhar sol, confraternizar, comer, beber, ler e dormir. Não acredito que elas sejam tão assíduas, como eu, a actualizar esta página. Têm mais que fazer, dizem elas. No entanto, também dizem as más-línguas que, para vosso benefício, o nível irá subir substancialmente. Até já.
Jaime Bulhosa
O outro dia, infelizmente, fui a um enterro. Antes de sair de casa disse ao meu filho mais novo:
- Olha Vasco, ficas em casa com os teus irmãos mais velhos, porque eu e a mãe temos que ir a um funeral.
- Tá bem, pai.
Duas horas mais tarde, ao ver-me chegar a casa com cara de… disso mesmo, o Vasco pergunta muito espantado:
- Então!?... Correu mal?
Jaime Bulhosa
Sou muito tolerante em relação às opiniões dos outros. Sinceramente, não me causam o menor transtorno, nem percebo porque é que há pessoas que se irritam por tudo e por nada quando alguém as contraria. Não faz sentido. Cada um tem o direito às suas opiniões, gostos, preferências sexuais, ideologias, religiões, clubes de futebol, etc., e devemos saber respeitá-las quando não coincidem com as nossas. Parece-me ser um raciocínio simples de pôr em pratica.
- Bom dia! E que lindo que está. Que sol esplendoroso, não acha? Olhe, por ser o primeiro cliente do dia, faço-lhe um desconto.
- Deixe-se de tretas e diga-me uma coisa: de quem foi a falta de gosto na escolha do nome para a livraria? Por amor de Deus, até deve afastar a clientela. Que mentecapto teve a triste ideia? Já para não falar na ideia do logótipo, que horror, que bicho horrível. Quase não se consegue escolher um livro de jeito nesta livraria. Dê-me antes um saco de plástico, em vez daquele de papel pavoroso que vocês têm. Blá, blá, blá…
O cliente continuava naquilo que era o seu direito, isto é, expressava a sua opinião. Eu, no meu fairplay habitual, sempre de sorriso nos lábios, pensava no maravilhoso dia que estava lá fora, a um dia do começo das férias, sem dar demasiada importância ao que ouvia, ao mesmo tempo que tentava recordar um pensamento que sabia adequar-se perfeitamente àquele momento e que, com toda a calma do mundo, me preparava para pôr em prática:
Jaime Bulhosa
Edição: Cavalo de Ferro
Título: Papéis Inesperados
Autor: Júlio cortázar
Tradução: Sofia Castro Rodrigues e Virgílio Tenreiro
Formato:15x22,5cm
n.º pág.: 495
isbn: 9789896231231
pvp: 21.90€
Andava a magicar num livro, num título capaz de convencer o meu filho Afonso, de 13 anos, a ler nas férias. Tinha que o obrigar a ler, mas de forma que ele não percebesse que estava de facto a ser obrigado, porque isso seria o pretexto ideal para ele, educadamente, me mandar limpar o pó aos livros. Era necessário que fosse um bom livro. De um autor consagrado, reconhecido quase unanimemente, como um livro que se pega e não se larga mais até àquela palavrinha de três letras que costuma aparecer no fim dos filmes. Fiz um exercício de memória, tentando lembrar-me de títulos que tivesse lido, mais ou menos com a idade dele, e impressionado o suficiente para terem ficado apontados numa lista de livros que um dia, eventualmente, releria. Rapidamente me veio à memória, por exemplo: A Ilha do Tesouro, de Stevenson, Miguel Strogoff, de Júlio Verne, Tom Sawyer e O Príncipe e o Pobre, de Mark Twain, O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas, Capitães da Areia, de Jorge Amado. Porém, nenhum destes foi o escolhido. Deveria ser mais actual, ter alguma coisa a ver com a personalidade do meu filho. Lembrei-me, imediatamente, do O Deus das Moscas, de William Golding, por causa da personagem principal o Ralph. É um livro publicado originalmente em 1954 e que nos conta a história de um grupo de rapazes, únicos sobreviventes entre os passageiros de um avião que se despenha numa ilha deserta. Inicialmente, desfrutam de liberdade total, festejando a ausência de adultos. Para sobreviver unem forças, cooperando na procura de alimentos, na construção de abrigos e na manutenção de sinais de fogo. A supervisioná-los está Ralph, um jovem corajoso e o seu amigo, gorducho e esperto, Piggy. Apesar de Ralph tentar impor a ordem e delegar responsabilidades, muitos dos rapazes preferem celebrar a ausência de adultos nadando, brincando ou caçando a grande população de porcos selvagens que habita a ilha. O mais feroz adversário de Ralph é Jack, o líder dos caçadores, que consegue arrastar consigo a maioria dos rapazes. No entanto, à medida que o tempo passa, o frágil sentido de ordem desmorona-se. Os seus medos alcançam um significado sinistro e primitivo, até Ralph descobrir que ele e Piggy se tornaram nos alvos de caça dos restantes rapazes, embriagados pela sensação aparente de poder.
Levei-o para casa. Aproveitando o facto de ter chegado mais cedo que o meu filho, comecei a ler as primeiras páginas, de forma a refrescar a minha memória, com o intuito de, mais tarde, lhe fazer um resumo convincente.
Quarenta e cinco minutos depois:
- Olá pai!
- Humm…
Balbuciei eu, numa espécie de resposta, sem tirar os olhos do livro.
- Estás a ler um livro diferente do de ontem?
- Humm…
- Que livro é que estás a ler?
- Humm, sim… O Deus das Moscas.
- Não me digas que esse é um dos livros que queres, há montes de tempo, que eu leia? Nem penses!
Sem me aperceber da provocação, respondi.
- Humm… sim, sim é este.
- E qual é a história?
Contrariado, fiz-lhe a sinopse mais curta que pude e que acabava com a frase: «numa ilha deserta, sem a supervisão dos adultos».
Ouvindo as palavras mágicas, o meu filho diz:
- Sem adultos!? Parece fixe… dá-me aí o livro!
Irritado por me estar a interromper a leitura, sem reflectir, respondi torto:
- Não, não me chateies, agora estou eu a lê-lo!
- Ok, tchau! Disse-me ele.
Tomando consciência da estupidez que tinha acabado de cometer, pensei para com os botões da minha camisa, que por acaso era uma t-shirt: «estive tão perto». Encolhi os ombros e continuei a ler deliciado.
Jaime Bulhosa
- Vende livros!?
Depois, começa a pegar nos que lhe chamam mais a atenção, em todas as prateleiras e em todas as estantes, abre-os apenas durante uns segundos e tanto que lhes vinca as lombadas, manifesta com esgares e trejeitos de ombros o seu desinteresse pelos livros. Recoloca-os nas estantes ao contrário, de pernas para o ar, na horizontal, fora da ordem alfabética, na secção errada e repete a operação por diversas vezes. Quando lhe pergunto se precisa de ajuda, responde-me com outra pergunta:
- Os livros são todos ao mesmo preço?
Continua sem esperar pela resposta, na sua pesquisa do nada, até que se cansa. Dirigindo-se ao balcão, pede-me:
- Seis euros no Euromilhões, por favor.
- Desculpe, mas isto não é uma papelaria.
- Ai não!?... Então, para que é que lhe servem os livros… para decoração?
- Não, para me dar paciência.*
*Paciência: Uma forma menor de desespero disfarçada de virtude.
Bierce, Ambrose, Dicionário do Diabo, tinta-da-china 2006
Jaime Bulhosa
…Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que o caso excedia as raias de um capricho juvenil.
Um cliente de cartão-jovem e borbulhas na cara, estende ao livreiro um papel enfeitado com um título de livro escrito a tinta cor-de-rosa.
- Por favor, eu queria este livro que a minha namorada me pediu para comprar?
- Com certeza, só um momento.
Passado, não mais que uns segundos.
- Aqui tem.
- Faça um embrulho de oferta e diga-me, por favor, quanto devo?
- 30 euros.
- Tem a certeza?
- Absoluta.
O cliente engole em seco, perde o equilíbrio e com uma voz trémula, desabafa:
- Glup! O amor é cego...
- Não diga isso.
- Não o digo por não ter olhos. Não estava à espera que o amor custasse os olhos da cara. A brincar... a brincar e, em quinze dias, já lá vão 100…
Jaime Bulhosa
Gosto daquela ideia hindu segundo a qual podemos confiar a nossa salvação a qualquer pessoa, de preferência a um «santo», e permitir-lhe que reze em nosso lugar, que faça tudo o que for preciso para nos salvar. É o que se chama vender a alma a Deus…
- Eu tenho a profissão mais perigosa do mundo.
- Qual é?
- Sou escritor.
- Ah!?...
- Não está a perceber, eu escrevo sempre na cama.
- E isso é perigoso?
- Pelo menos é lá que morre a maior parte das pessoas.
Roménia no fim da guerra. A população alemã vive com medo. «Eram 3 da madrugada do dia 15 de Janeiro de 1945 quando a patrulha me foi buscar. O frio apertava, estavam -15º C.» O jovem narrador começa assim o seu relato. Tem cinco anos diante de si, dos quais ainda nada sabe. Cinco anos, ao fim dos quais regressa um homem diferente. Herta Müller relata experiências que marcam os sobreviventes para toda a vida. Foi a partir de muitas conversas com Oskar Pastior, e outros sobreviventes do campo de trabalho, que a escritora reuniu o material que está na base deste grande romance. «Os livros de Herta Müller desencadeiam uma torrente poética que arrebata a mente do leitor», escreveu Andrea Köhler no jornal Neue Zürcher Zeitung, «a sua linguagem é talhada numa outra cepa, diferente da plantinha mimada que caracteriza largos sectores da literatura alemã contemporânea.» Através da história profundamente individual de um homem jovem, consegue narrar-nos, com a força de imagens inesquecíveis, um capítulo ainda quase desconhecido da História europeia.
Edição: Dom Quixote
Título: Tudo o Que Eu Tenho Trago Comigo
Autor: Herta Müller
Tradução: Aires Graça
Formato: 15,5x23,5cm
n.º pág.: 290
isbn:9789722040877
pvp: 18.00€
Ainda estava quente, acabadinho de sair da gráfica, comecei a lê-lo ao meu filho mais novo, a noite passada, o mais recente livro da colecção de clássicos da tinta-da-china. Simplesmente irresístivel, não é?
(muito brevemente nas livrarias)
Acredito que existem pelo menos duas coisas que são infinitas, o universo e a estupidez humana, e em relação à primeira tenho algumas dúvidas.
É obrigatório ler, mesmo as letras mais pequenas.
Numa noite de fim-de-semana, numa grande loja de desporto,
- Why?
Pergunta Alfred Z.
- Read the fucking manual, asshole!
Henry, um escritor reconhecido, decide escrever um livro, meio ficção e meio ensaio, como forma de abordar todos os aspectos de um mesmo tema. Completamente desencorajado pelos seus editores, desiste do projecto e vai viver para outra cidade. Aí, contudo, continua a receber cartas de leitores e, um dia, um taxidermista escreve-lhe a pedir ajuda. Henry apercebe-se então de que estão ambos a tentar escrever sobre o mesmo tema. Um livro polémico e provocador, que confirma o autor de A Vida de Pi, o Man Booker Prize de 2002, como um dos mais surpreendentes escritores canadianos da actualidade.
edição: Editorial Presença
título: Beatriz e Virgílio
autor: Yann Martel
tradução: Fátima Andrade
formato: 15x23cm
isbn: 9789722343855
pvp: 13.50€
Do apanhar piolhos:
- Afonso, anda fazer o tratamento dos piolhos.
- Não, Não!
- Tem que ser.
- Não! Os piolhos são meus e eu sou contra a caça aos animais!
E serão muitos os caçadores de animais que quanto mais apanharem menos terão; e assim igualmente mais terão quanto menos apanharem.
- Boa tarde, pode ajudar-me?
- Por favor, diga.
- Estou à procura de livros infantis ou juvenis. Têm que ter uma escrita simples, sem palavras estrangeiras ou muito eruditas, mas com histórias que não sejam demasiado básicas.
- Com certeza, que idade é que tem a criança?
A cliente ergue a sobrancelha e sorrindo, com uma expressão de quem já sabe a reacção que vai provocar:
- Tem 83 anos.
Na rua da livraria há pessoas que vivem como se fossem pó, indesejado, soprado de um lado para o outro na esperança de que caia longe, se desvaneça, desapareça definitivamente, para um lugar onde, invisível aos olhos, a nossa consciência possa ser aliviada. Gorki chamava-lhes: «os seres que outrora foram humanos»; outros chamam-lhes vagabundos, ou o politicamente correcto «sem-abrigo». No sábado passado entrou na livraria um deles, que costuma ter como morada de Verão o terceiro degrau das escadas da entrada do prédio, cinquenta metros à direita da fachada da igreja. Desde a primeira vez que o vi, faz agora quase dois anos, a degradação física, e digo só física, porque a psíquica não se vê, foi impressionante, tanto que tive dificuldade
- Vês esta criatura repugnante, suja, de odor intenso, calvo, sem dentes, ranhoso, combalido, mal tratado?... Pois, o melhor que tem é a figura.
Mudo, atordoado com o inesperado murro seco no estômago infligido pela minha própria consciência, após tão desconcertante, verdadeira e cruel descrição, não fui capaz, tal como das outras vezes, de fazer mais do que apenas dar-lhe o que me pediu.
Jaime Bulhosa
O inglês Geoffrey Braithwaite atravessa o Canal da Mancha e dirigese a Rouen, a terra natal de Gustave Flaubert. A intenção é a de ver o papagaio embalsamado que serviu de modelo a Flaubert durante a escrita de um dos seus livros. Mas o que é apenas uma viagem transforma-se, lentamente, numa lição maravilhosa e genial sobre o autor de Madame Bovary — o seu talento indiscutível mas também os seus defeitos, manias, tiques insuportáveis, vaidades e medos —, sobre literatura, sobre o amor (entre ele mesmo e a sua mulher Helen, que morreu recentemente; entre Flaubert e Louise Colet), sobre o que falha e o que não tem sentido na vida, sobre os segredos que a rodeiam e lhe dão sentido. Tudo para concluir que a vida verdadeira é a vida que vem nos livros. Porque é a única que se pode interrogar.
edição: Quetzal
título: O Papagaio de Flaubert
autor: Julian Barnes
tradução: Ana Maria Amador
formato: 15x23cm
n.º pág.:238
isbn:9789725648926
pvp: 15.50€
Em conversa, num intervalo entre clientes, com um colega:
- Eh pá! Faz hoje um ano e meio que não fumo.
- Eh pá! Parabéns.
- Ainda me lembro do meu primeiro cigarro, fumado em segredo, na inocência da meninice e do primeiro namoro.
- E do segundo, lembras-te?
- Do segundo, não!... No entanto... devia ser igualzinho ao primeiro!?...
Jaime Bulhosa
A livraria Pó dos livros decidiu não reflectir o aumento do IVA no preço final de venda ao público em todos os livros do seu stock com data de entrada até 1 de Julho, assumindo encargos decorrentes da subida do IVA de 5 para 6%.
Hoje, a sua mãe morreu. Ou talvez ontem, não sei bem. Recebi um telegrama do asilo: «sua mãe falecida. Enterro amanhã. Sentidos pêsames.» Isto não quer dizer nada. Talvez tenha sido ontem.
Esta é uma primeira tentativa de abordagem do que foi a realidade dos homossexuais em Portugal durante praticamente todo o século XX, ou seja, desde que a jovem Primeira República, enquadrada pela psiquiatria, coloca sob a alçada da lei os crimes contra a natureza até que estes o deixam de ser, em 1982. O que era ser homossexual em Portugal? O que é viver uma condição estigmatizada e estigmatizante, em que não há identidade, tão-só uma afectividade e uma sexualidade, quase sempre clandestinas?
edição: Sextante Editora
título: Homossexuais no Estado Novo
autor: São José almeida
formato: 15x23cm
n.º pág.: 231
isbn:97898976212
pvp: 16.50€
- Avô, como era a tua escola?
- Eu nunca fui à escola.
- Nunca!?...
- Nunca.
- Porquê?
- Olha, porque nasci há muitos anos, no tempo em que não era obrigatório levar as crianças à escola.
- Então, como é que tu sabes ler e escrever?
- A vida, por vezes, ensina-nos.
- Como assim?
- Estou a brincar, foi o meu pai que me ensinou as primeiras letras.
- E como é que ele aprendeu?
- Não sei bem, talvez sozinho. Ele era um homem muito persistente, só assim se explica porque é que o teu trisavô – como tu sabes e apesar de me chamares avô, eu sou, na realidade, teu bisavô… -
- Eu sei, avô.
- ... Então, como eu estava a dizer, o meu pai era muito persistente, sobreviveu à 1.ª Grande Guerra, enquanto Cabo Chefe da Infantaria. Sobreviveu, primeiro às balas e canhões dos alemães; depois à prisão e à fome, durante nove longos meses algures
- Desumanas, como?
- Olha, por exemplo, ter que andar à pancada com os camaradas de armas, só para poder comer um rato.
- Que nojo… avô!
- Pois é meu filho, mas é verdade.
- E como é que ele conseguiu salvar-se?
- Porque sabia ler.
- Porque sabia ler?
- Sim, naquele tempo, a maioria das pessoas não sabia ler, nem escrever. Saber ler e escrever, e naquelas circunstâncias, era ter uma grande vantagem em relação aos outros.
- Porquê?
- Porque em troca, por exemplo, de alguns alimentos, o meu pai escrevia e lia as cartas aos outros prisioneiros, o que lhe permitia ir mantendo uma saúde razoável.
- Como é que ele voltou para casa - conseguiu fugir?
- Não. Um dia pediram-lhe para ler um papel que um francês, em segredo, tinha entregue a um dos prisioneiros.
- E o que é que esse papel dizia?
- La guerre est finie! La guerre est finie!